PCP solídário com trabalhadores da Carveste

 Declaração política do PCP na Assembleia Municipal de Belmonte

A situação e a vida dos trabalhadores degradam-se de dia para dia. Muitas famílias vivem momentos de grandes dificuldades, atingidas pelo desemprego, precariedade, baixos salários e degradação do poder de compra, violação dos direitos, profundas desigualdades e injustiças sociais.

O Governo PS/Sócrates tenta fazer crer aos trabalhadores que o país está a atravessar uma profunda crise económica exclusivamente com raízes no estrangeiro, como se não houvesse responsáveis no nosso país. Se por um lado são bem visíveis as consequências da crise, desencadeada pelo sistema capitalista, também o é porque para isso muito contribuíram os Governos portugueses dos últimos 33 anos, nos quais PS, PSD e CDS acumulam exclusivas responsabilidades.

A tudo isto soma-se o drama dos que viram os seus rendimentos, em alguns casos  unicamente provenientes de apoios sociais, suspensos até que façam, novamente, prova, desta vez pela internet, de que cumprem os critérios para aceder a esses apoios. Tamanha insensibilidade social de um Governo que ataca os que menos têm, enquanto assiste impávido e sereno à cobrança de menos 10% de IRC à banca que continua a ter lucros milionários, sublinha o facto de esta decisão ser manifestamente ilegítima, uma vez que nem todas as pessoas têm acesso à internet e nenhuma legislação obriga a tais procedimentos. Esta é mais uma iniciativa do Governo, para poupar, por dois ou três meses, as prestações sociais de milhares de famílias, ainda por cima no momento em que é necessário fazer face às acrescidas despesas escolares... Esta e outras formas similares de tentar diminuir o défice são simplesmente vergonhosas e espelham a natureza de poder deste governo do PS que tem a desfaçatez de se afirmar de esquerda! 

A CDU não pode deixar de referir o anúncio arrogante das medidas extraordinárias para reduzir o défice este ano e a previsível negociação do OE 2011 entre o Governo e os partidos da direita. As medidas divulgadas são um ataque despudorado aos trabalhadores em geral e a serem aplicadas constituiriam um rude golpe aos direitos do trabalho, aos salários e ao emprego. Tal facto é tanto mais grave quanto há muito que se constata que o modelo económico assente nos baixos salários e na precarização não tem viabilidade, pois não promove o crescimento nem o desenvolvimento, sendo um obstáculo ao progresso e ao bem-estar dos trabalhadores e das suas famílias, não contribuindo para resolver os problemas da economia nacional e antes a agravando.

Afectando a generalidade dos portugueses, estas políticas atingem com particular gravidade os concelhos com menores recursos, como é o nosso caso. É por isso que olhamos com muita preocupação para a delicada situação que se vive na empresa Carveste. Não podemos deixar de responsabilizar a empresa pela forma como têm actuado nos últimos anos, mas esse facto não pode inviabilizar a continuidade da laboração da empresa e a defesa dos seus postos de trabalho. Esta deve ser apoiada e, como sempre defendemos, estes apoios devem ser devidamente controlados.

Esta complexa situação não pode passar ao lado dos órgãos autárquicos tendo em conta a importância económica e social desta empresa para o concelho, para a freguesia onde está localizada, para a região e para os seus trabalhadores. Não nos cansamos de o dizer: a situação actual que os trabalhadores atravessam é muito complicada e sensível e estes precisam de todo o apoio das mais diversas instituições, incluindo dos órgãos autárquicos.

Pela nossa parte, tudo temos feito para acompanhar e intervir nos órgãos onde temos eleitos (Parlamento Europeu, Assembleia da República e Assembleia Municipal de Belmonte) visando a defesa dos postos de trabalho.

Foi nesse sentido que o PCP no dia 20 de Setembro levou uma vez mais o assunto à Assembleia da República exigindo ao Governo que tome medidas para que a Carveste continue a produzir e mantenha os mais de 200 postos de trabalho.

Sobre esta matéria, o Presidente da Câmara tem demonstrado uma apreensão que não passa disso mesmo, pois a verdade é que, para além dizer que esta é uma matéria que não se trata na praça pública (porventura com a ideia de que é ficando caladinhos e sossegadinhos que a coisa se resolve), não é do conhecimento público qualquer acção  concreta, consistente, no sentido de pressionar, influenciar, exigir do poder central o  combate ao cenário negro que vivemos.

Com isto, e para que não existam dúvidas, trata-se de exigir que a Câmara utilize os recursos de que dispõe, e são vários, para reclamar do poder central as medidas necessárias e urgentes em defesa do aparelho produtivo e dos postos de trabalho.

Pela nossa parte, e manifestando a nossa solidariedade aos trabalhadores da Carveste e à sua luta, reafirmamos aqui uma vez mais o nosso empenho em tudo fazer para exigir a defesa dos seus direitos e do emprego.

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