A DORCB do PCP vem mais uma vez reiterar o seu total repúdio pela medida de portajamento das SCUT do interior (A23, A24 e A25), como aliás tem sido a sua posição desde os primeiros ensaios do Governo PSD, ainda em 2005. As portagens serão um rude golpe. O PCP retomará a intervenção legislativa na AR e demais instâncias, assim como continuará no combate político ao lado das populações nesta luta para impedir mais um crime sobre o Interior!
As SCUT do interior foram construídas e pagas com fundos europeus. Foram construídas como medida de descriminação positiva para com as populações do interior, medida essa assente no facto destas populações disporem apenas de cerca de 60% do poder de compra da média nacional. Foram construídas frequentemente sobrepostas a itinerários principais (IP), anulando essas vias. Foram construídas para combater a sinistralidade rodoviária e permitir um acesso mais rápido a regiões tradicionalmente isoladas, com segurança e para que se começasse a vencer o abandono que nos depaupera desde os anos 60.
Neste momento, após o franco abandono da agricultura e o declínio do tecido industrial, estas vias contribuem para a economia local e regional, ao permitirem a circulação dos prestadores de serviços (o sector terciário é dominante em termos económicos) que são obrigados a percorrer maiores distâncias que nos grandes centros ou no litoral para manterem sustentável a sua actividade. As SCUT contribuem também, para o desenvolvimento do turismo na região . Estas vias são ainda as principais portas de entrada em Portugal, por onde uma boa parte dos bens de consumo passam para chegarem aos grandes centros. Que aumento de preço final poderá o consumidor esperar se os transportadores eles próprios forem forçados a subir as tarifas?
Assim, em coerência reafirmamos que há espaço para discutir e repensar esta medida. Uma só voz de união entre trabalhadores, empresários e autarcas, comissões de utentes e demais movimentos exige o bom senso a quem governa. A MEDIDA NÃO É INEVITÁVEL! É POSSÍVEL TRAVAR ESTE ROUBO!
Não há economia que funcione em retalhos. A melhoria das acessibilidades deve ser factor de desenvolvimento e não instrumento de negócio, até porque sabemos que só aumentam a factura do Estado para com as concessionárias, que mantém a sua parceria dourada independentemente do fluxo de tráfego (que se reduzirá sem dúvida com o portajamento).
Directa ou indirectamente, fragilizarão ainda mais uma economia que fruto dos ataques dos governos PS/PSD/CDS luta em desespero para se manter. Serão as falências de dezenas de empresas e o desemprego de milhares de pessoas uma contrapartida aceitável para o dinheiro fácil dos pórticos?
As portagens serão um rude golpe. O PCP retomará a intervenção legislativa na AR e demais instâncias, assim como continuará no combate político ao lado das populações nesta luta para impedir mais um crime sobre o Interior!