Portugal a Produzir

pcp-logotipo PCP lança campanha no Distrito de C.Branco

Nota da Conferência de Imprensa

Assistimos ao mais duro golpe e brutal ataque aos interesses nacionais, aos direitos das populações e dos trabalhadores. As soluções constantemente anunciadas pelo Governo do PS, com a cumplicidade do PSD têm ido ao encontro dos interesses do grande capital internacional e nacional, pondo em causa a própria soberania. A aparente guerra entre o PS e o PSD procura fazer esconder os sucessivos PEC’s que estrangulam os mais desfavorecidos e abonam as grandes fortunas.

A quem sucessivamente se tem pedido sacrifícios são aos trabalhadores, aos reformados, à juventude, aos micro, pequenos e médios empresários e agricultores. O PCP recorda que se hoje temos o défice e o endividamento anunciado em muito se deve à destruição do aparelho produtivo e à crescente dependência do exterior.

Repetem até à exaustão a inevitabilidade das suas soluções e das suas medidas que seguem sempre o mesmo sentido: – o do contínuo agravamento dos problemas do país, sem nunca ter em conta os reais problemas e a procura de medidas que vão ao encontro do real e sustentável crescimento económico, dinamizando a economia.

O PCP entende que existe outro caminho de progresso e desenvolvimento que rompa com as velhas soluções capitalistas. É por isso que a par de uma intensa actividade e intervenção política e institucional o PCP lança a campanha “Portugal a Produzir”.

A estrutura económica do distrito de Castelo Branco, tem vindo a sofrer alterações ao longo das últimas décadas, assentando em milhares de micro, pequenas e médias empresas distribuídas por múltiplos sectores de actividade e emprega cerca de 40.000 trabalhadores aos quais se juntam os da Administração Pública.

A constante desvalorização da agricultura, na sua vertente de produção de bens alimentares, em termos sociais e sob o ponto de vista ambiental, contribuiu para a rápida quebra na produção agrícola e pecuária mas também a uma redução significativa dos rendimentos dos pequenos agricultores. A continuada implementação por parte dos governos PS e PSD de uma PAC, que apoia quem não produz, desadequada às reais condições do distrito e o ProDer que está orientado para a chamada agricultura competitiva, exclui as pequenas e médias explorações agrícolas. O atraso nas indemnizações compensatórias, o constante aumento dos preços dos factores de produção ao qual se junta a diminuição dos preços praticados na produção de bens alimentares tem vindo a agravar a situação.

Ao nível da floresta, o desinvestimento na fileira florestal, o deficiente apoio aos produtores, ao desenvolvimento das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), o desordenamento da floresta, a deficiente prevenção dos fogos levaram entre outros factores a uma situação de grave crise transformando um recurso importante para o desenvolvimento num sector em grandes dificuldades.

Ao nível da indústria, o sector têxtil, apesar dos sucessivos encerramentos de empresas, continua a ser o mais importante económica e socialmente. A indústria é ainda composta por empresas do sector agro-alimentar (vinho, azeite, lacticínios, carnes e frutos), do sector da metalomecânica, maquinaria e equipamento e material de transporte (cablagens). Todavia o sector industrial no distrito é frágil, sempre confrontado com dificuldades estruturais, embora com excepções positivas.

  • A indústria têxtil (lanifícios e confecções) foi e é fortemente condicionada por um conjunto de imposições exteriores e sem apoio efectivo nacional, que contribuíram para a concentração de empresas e consequente aumento do desemprego;
  • O sector de reparação automóvel e de componentes procedeu ao despedimento de centenas de trabalhadores ao longo dos anos;
  • A metalurgia após o desaparecimento e desmantelamento de algumas das grandes empresas debate-se agora com dificuldades nas empresas existentes;
  • A construção civil enfrenta o abandono da actividade de largas centenas de pequenos empresários e de trabalhadores por conta própria;
  • O sector dos aglomerados de madeira vai desaparecendo, tal como o sector da cerâmica e das indústrias eléctricas.

 São exemplos recentes da destruição do aparelho produtivo a Tricogom e a Carlos Beijamim Neves Luciano, empresas têxteis e a Certar, empresa de construção civil, que após o período de férias não retomaram a actividade; a Alçada e Pereira, empresa do sector têxtil, que mesmo após indeferimento da Segurança Social, decidiu a aplicação do regime de lay-off para 17 trabalhadores; ou a Amândio e Saraiva e a Hermar, ambas empresas do sector têxtil, que recorreram a processos de insolvência.

 O PCP considera que o Distrito e o sector produtivo têm potencialidades e todas as condições para crescer e se desenvolver. Neste sentido a campanha Portugal a Produzir irá ter lugar até final do 1º semestre de 2011 com o objectivo de por um lado aprofundar o conhecimento da realidade, dos estrangulamentos e necessidades, mas essencialmente o de de apresentar junto de empresas, agentes económicos e sociais, populações e trabalhadores um conjunto de propostas para o desenvolvimento de diversos sectores tradicionais e inovadores.

 Para este objectivo planificámos acções em torno dos seguintes sectores:

- Minas da Panasqueira

- Floresta com uma acção na Zona do Pinhal

- Iniciativas junto de agricultores nos concelhos do Fundão e Covilhã

- Encontros e visitas a cooperativas, lagares, adegas e outras produções em diversos pontos do distrito

- Sessão sobre o Sector Têxtil

- Sector metalúrgico através de contactos e visitas a empresas e junto de trabalhadores

- Sector cultural através de encontros com entidades

- Realização de um encontro de encerramento da campanha

 Ao conjunto de acções juntar-se-ão a edição de documentos específicos com as propostas e a análise que o PCP irá fazer ao longo da campanha sobre sectores específicos e um conjunto de contactos, encontros, reuniões e visitas.

Portugal e o Distrito não são pobres. A defesa da produção e do aparelho produtivo nacional são uma incontornável resposta ao actual processo de declínio económico. É fundamental inverter este rumo de destruição do aparelho produtivo, e de ataque ao emprego e aos direitos, e combater decididamente este quadro de dependência e fragilidade da economia nacional.

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